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‘Música que conecta o Brasil inteiro’: No encerramento do Festival A Bossa!, Juazeiro revive a revolução de João Gilberto

"Essa terra é sagrada. A terra que deu João Gilberto ao mundo". A frase de Alexandre Leão ecoou pela Orla II e abriu, simbolicamente, a última noite do Festival A Bossa!, que começou na noite de domingo (30) e seguiu até a madrugada desta segunda-feira (1º), celebrando o movimento que transformou Juazeiro em um dos berços mais luminosos da música brasileira.

A terceira noite do festival confirmou o que já se percebia desde a estreia: a Bossa Nova pulsa em Juazeiro não como saudade, mas como movimento vivo — transmitido de artista para artista, de palco para plateia, de memória para futuro. Uma noite que celebrou raízes, afetos e a força da Bossa. Para quem viveu intensamente os três dias de programação, a noite final foi um encontro entre passado e presente. E o público, mais uma vez, reconheceu isso.

"O evento está lindo. A música, o repertório… Juazeiro precisava", disse Maianny Cristina. A mesma percepção foi compartilhada por Edmundo Monteiro, reforçando o sentimento coletivo de pertencimento: "Os artistas que passaram por esse palco enaltecem a cidade da Bossa Nova". Abrindo a noite, Alexandre Leão traduziu a devoção artística ao legado de João Gilberto com profundidade histórica e afetiva. Ao falar sobre cantar na terra onde a revolução estética da bossa teve início, ele destacou: "Antes de João, todo mundo cantava de forma semi-operística. Ele chegou cantando no pé do ouvido da gente, mudou tudo: o violão, a voz, a forma de sentir música". E completou, refletindo sobre a multidão que respondia a cada acorde: "Não é em todo lugar que você puxa Garota de Ipanema e uma multidão inteira canta. Isso é Juazeiro. Uma terra especial".

A noite seguiu com a elegância e a suavidade de Roberta Sá, que trouxe ao palco a síntese viva da bossa como linguagem universal — e como raiz pessoal.
"Quando comecei a cantar, foi João Gilberto quem me apresentou o samba. Para mim, bossa e samba não se separam", contou. Às margens do rio que desenha a cidade natal do pai da Bossa Nova, a artista reforçou o privilégio de cantar para uma plateia inteiramente entregue à música brasileira: "Estar aqui, na terra dele, respirando o ar que ele respirou, é pura inspiração. É o que uma cantora popular deseja: estar perto do público em projetos que exaltam nossa música".

O último dia de festival ainda contou com as apresentações dos ganhadores do Edésio Santos da Canção, que embalaram o público com repertórios potentes e performances marcadas por originalidade e talento. As vozes premiadas da edição deste ano reforçaram a força criativa de Juazeiro e da região. Logo após, fechando a noite, Vanessa da Mata trouxe ao palco a força vibrante da música brasileira contemporânea, misturando novos arranjos, sucessos de sua trajetória e homenagens aos seus ídolos. Ao pisar na Orla II, ela destacou o impacto cultural da cidade: "Aqui tem uma água que o povo bebe… não sei se é genética, cultura, tantos fatores que trazem tantos talentosos pra cá. É impressionante. Todo mundo que nasceu aqui tem sua cara própria. Não tem cópia, não tem influência qualquer. São todos muito distintos e personalizados", destacou.


Entre memórias, homenagens, descobertas e encontros, a última noite d'A Bossa! reafirmou Juazeiro como guardiã de um capítulo central da música brasileira, não como lembrança congelada, mas como obra viva, costurada por gerações e reinventada a cada voz que passa pela cidade.

O Festival A Bossa! foi realizado pela Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes, com apoio do Governo da Bahia, Bahiagás e Governo Federal.

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