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Foto ilustrativa: Reprodução | |
Preso desde janeiro por posse de um arquivo contendo pornografia infantil, um homem de 36 anos é considerado pelos investigadores da Polícia Civil como um dos maiores predadores sexuais identificados nos últimos 15 anos no Rio Grande do Sul. Morador de Taquara, ele se aproximava das vítimas adolescentes em aulas de violão, artes marciais e através de redes sociais.
Utilizando uma técnica chamada "engenharia social", o criminoso conquistava a confiança das jovens antes de cometer os abusos, conforme relatos de parte das 127 vítimas já identificadas até agora, em crimes cometidos tanto no ambiente físico quanto no virtual.
Segundo a Polícia Civil, o número de vítimas pode chegar a 750. Essa estimativa foi baseada na quantidade de pastas encontradas no computador do homem, cada uma contendo nomes e imagens relacionadas aos crimes praticados.
— Estamos pesquisando os nomes e chegando às famílias das vítimas, que muitas vezes não sabem que suas filhas foram alvo desse criminoso. A primeira medida da Polícia Civil tem sido entrar em contato com essas famílias — explicou o delegado Valeriano Garcia Neto.
Músico e professor em projetos sociais, ele tinha fácil acesso a crianças e adolescentes.
A prisão ocorreu depois que uma menina de nove anos relatou aos pais que estava sendo ameaçada por ele. A criança disse que foi contactada pelo suspeito em uma rede social, onde ele fingia ser uma garota menor de idade. O material mais antigo encontrado remonta há 16 anos, período estimado em que o homem vinha atuando.
— Ele criava vínculos com meninas entre nove e 13 anos. Depois disso, começava a enviar fotos íntimas, supostamente do perfil falso, incentivando as vítimas a enviarem fotos delas mesmas — afirmou o delegado.
Ao se passar por uma menina, ele conseguia aproximação e pedia que as vítimas enviassem fotos íntimas. Em seguida, usava as imagens para ameaçá-las, exigindo novos arquivos sob risco de divulgar as fotos anteriores. Esse tipo de prática configura o crime de estupro de vulnerável no ambiente virtual.
— Ele orientava as poses e situações nas imagens. O que surpreendeu foi a forma como ele acompanhava as vítimas durante vários anos no mundo virtual. Quando elas completavam 13 anos, ele revelava sua verdadeira identidade e marcava encontros reais — destacou o delegado.
Dez pedidos de prisão já foram encaminhados pela Polícia Civil, sendo três deles deferidos. O caso mais recente que resultou na decretação de prisão, na terça-feira (29), aconteceu no ambiente real. A vítima foi uma adolescente, então com 13 anos, colega dele em aulas de Muay Thai, em Taquara, há cerca de nove anos.
Hoje adulta, a mulher resolveu denunciar os abusos sofridos para alertar outras possíveis vítimas. Após sua primeira postagem, cerca de 80 vítimas haviam sido identificadas. Posteriormente, outras mulheres que se reconheceram na descrição procuraram a Polícia Civil. São depoimentos de jovens que relatam terem sido abusadas em aulas de violão, abordadas por perfis falsos em redes sociais e até mesmo em projetos sociais.
Posicionamento da defesa:
O site Zero Hora, responsável por esta reportagem, entrou em contato com o escritório de advocacia que representa o preso para solicitar um posicionamento sobre o caso. No entanto, até o momento da publicação desta matéria, o contraponto ainda não havia sido enviado. Com informações: Zero Hora
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