Foto: Reprodução | |
Carlos Henrique Morais, conhecido como ‘Dinoloko’, é mais um na estatística de brasileiros mortos na Ucrânia. O jovem de 25 anos teria se ferido após desobedecer ordens de comando, segundo relatos de amigos que servem na mesma região.
Natural de Paulista, cidade que fica na região metropolitana de Recife, no Estado de Pernambuco, ele estava em missão desde outubro de 2023, pelo 3º Batalhão da Legião de Estrangeiros, e deixa um filho de apenas três anos.
William Rafael, vizinho de Carlos, informou a Opera Mundi que o pai do jovem está profundamente abalado com a notícia e não se encontra em condições de falar. No entanto, o amigo informou que a família está em contato com a Embaixada do Brasil em Kiev para discutir uma possível repatriação do corpo. Entretanto, essa operação é incerta, devido à grande quantidade de minas terrestres no local.
“O comandante anterior estava dificultando um pouco as coisas, mas, depois da troca de comando, que agora está sob a liderança de um espanhol, que tem tido uma abordagem mais humana com a família, as coisas parecem estar progredindo de forma positiva”, afirmou William.
André Luiz, outro brasileiro que serviu na Ucrânia, explicou que Carlos e os demais soldados receberam ordens para não abandonar suas posições. No entanto, após desobedecerem a determinação, eles foram alvejados por uma granada que foi lançada por um drone. “Quando foram atingidos, eles ficaram feridos e a artilharia foi derrubada. Depois disso, é provável que tenham ficado desorientados ao se depararem com os russos”, detalhou.
André Luiz, que reside em Recife, cidade vizinha a de Carlos, o conheceu em Ternopil, no oeste da Ucrânia, através de um amigo que serviu com ele em Kherson. “A gente tinha falado para ele descer para o Brasil. Parecia até um sinal”, desabafou.
Assim como seus companheiros de combate, André também carrega cicatrizes. Há oito meses no 2º Batalhão da Legião Estrangeira – Grupo Charlie, ele relembra um ferimento que sofreu no front. “Foi em junho, ao sair de uma missão. Um tiro de morteiro atingiu minha perna direita e abriu um buraco de 5 centímetros. Passei dois meses no hospital”, recorda.
Arquivo pessoal
Carlos Henrique Morais estava na Ucrânia desde outubro de 2023 e deixa um filho de apenas três anos
Antes de deixar o Brasil, onde afirma que “nunca muda nada”, André era oficial de manutenção predial. Com a intensificação do conflito entre Rússia e Ucrânia em fevereiro de 2022, ele viu a oportunidade de participar da guerra para um dia contar suas experiências aos netos. “Como ex-militar, sinto uma profunda responsabilidade de ajudar ao próximo, porque é um sentimento de solidariedade que permanece vivo dentro de nós”.
Ao ser questionado sobre suas expectativas em relação ao desfecho do conflito, André Luiz expressou seu desejo de que tudo termine logo, pois as pessoas estão sofrendo e empobrecendo, e a chegada do inverno tende a agravar a situação. “Eu não tenho filhos e foi por isso que resolvi subir para a Ucrânia. Se eu tivesse, jamais iria”.
13 brasileiros já morreram na Ucrânia
Em setembro, Carlos Henrique concedeu uma entrevista a Opera Mundi no período em que se recuperava de um tiro nas costas, que ele descreveu como “fogo amigo”. Na ocasião, contou que, antes de ir para Kiev, trabalhava como motorista de aplicativo enquanto aguardava por um concurso da Polícia Militar. “Como o Estado não fez o concurso, vi na Ucrânia a oportunidade de ser um militar para ajudar um pouco as pessoas daqui”, contou.
Durante a conversa, Carlos também abordou a atual situação da guerra, reconhecendo que o exército russo é significativamente mais numeroso e possui um arsenal muito mais robusto. Realidade esta que tem levado o governo de Volodymyr Zelensky a solicitar frequentes apoios aos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), especialmente dos Estados Unidos, colocando o mundo à beira de uma guerra nuclear.
Na mesma missão em que Carlos atuava, também estava Tiago Nunes Silva, de 19 anos, natural de Rurópolis, no Pará. Ele havia chegado à Ucrânia há menos de um mês e, segundo familiares, viajou para Kiev escondido.
No início do mês, o Itamaraty anunciou que pelo menos 12 brasileiros já haviam morrido em combate na Ucrânia, sem contar com o caso de Tiago. Até o fechamento desta reportagem, a Embaixada do Brasil em Kiev não respondeu sobre a atualização do número de mortos e o andamento do processo de resgate dos corpos dos dois brasileiros.
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