Chef Angeluci Figueiredo é dona do restaurante Preta; estabelecimento é muito frequentado por famosos como Gilberto Gil, Carlinhos Maia, André Marques, Astrid Fontenelle e Ana Paula Padrão.
A chef de cozinha Angeluci Figueiredo, do tradicional restaurante Preta, revelou nesta segunda-feira (2) que foi xingada de "vagabunda" pelo secretário estadual da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas. O restaurante fica na Ilha dos Frades, na Baía de Todos-os-Santos, em Salvador.
De acordo com Angeluci Figueiredo, a ofensa foi feita no domingo (1°), após ela comunicar ao gestor, através de um aplicativo de mensagens, que a reserva feita por ele teria que ser cancelada por causa de questões climáticas.
Nesta segunda-feira (2), o secretário publicou um pedido de desculpas para a chef de cozinha nas redes sociais.
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Segundo informações de Angeluci Figueiredo, a Capitania dos Portos recomendou a restrição de navegação na Baía de Todos-os-Santos, no último fim de semana, por causa da instabilidade do tempo e das variações do vento, o que causa más condições de navegação. Diante da recomendação, ela optou por não abrir o restaurante e cancelar o atendimento.
"Esqueça de me ver de novo aqui. E ainda paguei R$ 350 para desembarcar", escreveu o secretário na mensagem.
"Amigo o caralho! Vagabunda", completou.
Em nota divulgada pela chef de cozinha, Angeluci afirmou que chegou a cogitar que o número dele tivesse sido clonado. Ela também questionou o motivo dela ter sido ofendida.
"O que o autoriza, no exercício de uma função pública das mais relevantes do estado - a de secretário de Saúde do Estado da Bahia e, durante uma pandemia, o que torna a sua função sinhá mais responsável - chamar uma mulher de VAGABUNDA?", disse.
"Os tempos mudaram, secretário: inexistem contextos que justifiquem essa relação de senhorio e vassalagem. Eu não sou vagabunda. Sou uma mulher digna, honrada, profissional, empresária, geradora de empregos e com uma árdua rotina de trabalho, física, inclusive, para realizar um sonho e um projeto de oferecer aos meus clientes um serviço de qualidade", afirmou a chef de cozinha.
A chef de cozinha ainda questionou se o secretário saberia "o que é ser misógino".
"O senhor sabe o que é ser misógino, secretário? Sabemos que sim, o senhor sabe. Mas sabemos que nesse país ninguém é racista, ninguém é misógino. Aqui não há nunca vítimas, só 'vitimismo' e 'mimimi', afinal devemos garantir que autoridades se sintam à vontade para sacar o telefone e chamar uma mulher de vagabunda, simplesmente porque pode, porque um desejo foi frustrado pelo tempo".
Ainda na nota, a chef argumentou se o secretário chamaria o dono de um restaurante de "vagabundo", caso a mesma situação ocorresse com um homem branco.
"O senhor sabe que não sou vagabunda, não sou irresponsável, não vivo de mesada de quem quer que seja e que, diferentemente do que o senhor me escreveu, eu preciso trabalhar", disse a chef.
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