Destaques arredondados Z2

6/Z2/ticker-posts

Publi topo do site

Publicidade:
Publi aqui - Portal Spy

Publicidade:

Praga Asiática que ameaça se espalhar pelo Brasil libera cheiro desagradável para afastar predadores, diz biólogo

Foto: Reprodução | 

O percevejo-de-pintas-amarelas (Erthesina fullo), uma espécie originária da China e considerada uma praga na Ásia, libera um odor desagradável para afastar possíveis predadores. A informação foi confirmada ao g1 pelo biólogo Yan Lima, de 28 anos, responsável pelo primeiro registro do inseto no Brasil.

A espécie, que se alimenta de diversas plantas e causa desequilíbrios ambientais, tem chamado a atenção de especialistas após ter sido visto 22 vezes na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. A maior incidência é em Santos, embora também tenham sido feitos registros em São Vicente e Guarujá.

De acordo com Yan, os percevejos possuem glândulas que, ao serem abertas, produzem um líquido que evapora rapidamente, liberando um cheiro desagradável para afastar possíveis predadores e 'salvar a própria vida'.

O especialista explicou que este mecanismo de defesa é usado contra qualquer animal que faça o percevejo se sentir ameaçado, desde outros insetos e aracnídeos a mamíferos maiores.

Primeiro registro

O biólogo também é fotógrafo de vida selvagem e sempre busca por pequenos animais. Por este motivo, Yan encontrou um percevejo-de-pintas-amarelas no dia 13 de novembro de 2020, enquanto registrava insetos em uma árvore em frente à janela da própria casa, próxima ao Porto de Santos.

Em 19 de fevereiro de 2021, o jovem publicou as imagens no sistema iNaturalist, usado para registro e identificação de animais, e foi surpreendido. O entomologista [profissional que estuda os insetos] Cristiano Schwertner e os pesquisadores Ricardo Brugnera e Jocelia Grazia entraram em contato para alertá-lo sobre a possibilidade daquele ser o primeiro registro da espécie no Brasil.

Yan contou que, junto aos especialistas, realizou uma expedição pela cidade de Santos com o objetivo de encontrar o percevejo e confirmar a espécie até então inédita no Brasil. Após o primeiro registro, o biólogo localizou o inseto mais quatro vezes.

"Foi uma experiência incrível. Depois do primeiro contato dos pesquisadores, pesquisei mais sobre essa espécie invasora e vi que na América só tinha um registro nos EUA. Para um biólogo, um registro desse nível é de um peso enorme", afirmou Yan.

Como é esse percevejo?

O Erthesina fullo é um inseto polífago, ou seja, se alimenta de diversos tipos de plantas. No continente asiático, ele é responsável por danos em algumas culturas agrícolas. Porém, no Brasil, ainda não há dados suficientes para afirmar se a espécie representa uma ameaça para as plantas cultivadas.

Tamanho: Atinge de 1,2 a 1,5 cm de comprimento.
Aparência: Corpo verde ou amarelo com pintas amarelas.
Reprodução: A fêmea deposita entre 50 a 200 ovos por vez.
Ciclo de vida: O ciclo de vida completo dura de 4 a 6 semanas.
Vida adulta: Vive entre 2 a 4 meses, dependendo das condições.

Preocupação

Embora ainda não tenha causado danos significativos no Brasil, o percevejo é visto com preocupação por pesquisadores. Caso a espécie continue a se expandir, ela pode se tornar invasora, comprometendo o equilíbrio ambiental e trazendo prejuízos econômicos, no país e América do Sul.

"Há risco, caso não haja um monitoramento adequado", alertou Ricardo Brugnera, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O último registro no sistema iNaturalist foi feito em outubro de 2024, no Parque São Vicente.

O INaturalist é uma plataforma on-line e um aplicativo de ciência cidadã. As pessoas podem registrar em fotos e publicar observações sobre plantas, animais, insetos e outros organismos. A ação contribui para a criação de uma base de dados sobre a biodiversidade global.

Riscos:

Ambiental e econômico: Caso a espécie se espalhe, pode se tornar invasora e causar danos ambientais e econômicos em nível nacional e até na América do Sul.
Hábito alimentar: O inseto é polífago, ou seja, se alimenta de diversos tipos de plantas.
Competição: De acordo com o biólogo Yan, há o risco dos percevejos asiáticos disputarem recursos com os nativos, diminuindo a população dos insetos brasileiros.
Agricultura: O profissional também destacou que, caso a praga chegue nas lavouras brasileiras, pode se tornar um problema para os agricultores. Mas, de acordo com Yan, é cedo para se preocupar já que até o momento o inseto está presente apenas na Baixada Santista.

Como chegou ao Brasil?

A hipótese mais provável é que o inseto tenha sido trazido por navios, possivelmente em contêineres. Inclusive, o primeiro registro do percevejo na Baixada Santista aconteceu próximo ao Porto de Santos.

"A conclusão aconteceu devido ao percevejo nunca ter sido registrado na América Latina. Portanto, a chance dele ter chegado em Santos por meio terrestre é vaga. Tanto os percevejos quanto outros animais, podem ser transportados em navios ou outras embarcações por estarem presentes dentro de contêineres", explicou Yan.

Riscos a humanos?

Apesar de não representar riscos à saúde humana até o momento, especialistas recomendam o monitoramento contínuo e sugerem que qualquer pessoa que aviste o inseto tire fotos e publique no iNaturalist, a fim de aumentar a base de dados sobre a espécie.


O Ministério da Agricultura foi procurado, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

Entre em nosso canal no Whatsapp e receba notícias em tempo real

Postar um comentário

0 Comentários

Publicidade:
Publi aqui - Portal Spy