Agricultores e agricultoras da comunidade de Caiçara, interior de Juazeiro-BA, participaram pela primeira vez de um debate sobre comunicação, crítica da mídia e educomunicação.
É no Semiárido que a vida pulsa. É no Semiárido que o Povo Resiste... E este pulsar mexe com homens e mulheres, crianças jovens, adultas/os e idosas/os. São pessoas das mais diferentes idades e níveis de formação que têm ajudado a estruturar no Semiárido um processo de resistência baseado na construção e disseminação de saberes, fundamentado na educação e na comunicação popular.
O processo formativo dos povos da região passa por vários caminhos, como o que aconteceu ontem (21), com agricultores e agricultoras da comunidade de Caiçara, interior de Juazeiro-BA, que pela primeira vez participaram de um debate sobre comunicação, crítica da mídia e educomunicação. “Eu ainda não tinha parado para fazer essas reflexões nesse sentido da crítica da comunicação”, declara a jovem Elaine Souza. Ela destaca como maior aprendizado a compreensão de como e o porquê a mídia mostra o Semiárido cheio de estereótipos, um lugar de terra rachada, improdutiva, lugar inviável de viver, escondendo a realidade: uma região forte, cheia de cores, sabores e potencialidades.
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Esse aprendizado apontado por Elaine parte da compreensão de que a mídia brasileira está concentrada nas mãos de algumas famílias e grupos econômicos e que é preciso lutar por comunicação mais democrática, com a elaboração e efetivação de políticas de comunicação que possam garantir uma comunicação plural e diversa, ação imprescindível para o exercício da Bem Viver no Semiárido.
É inegável a importância da comunicação na luta pela Convivência com o Semiárido, pois a mídia tem um papel de mediar acontecimentos e conhecimentos, exercendo grande influência no modo de vida e comportamento da nossa sociedade. “A Convivência com o Semiárido envolve muita coisa, dentre essas, compreender o que acontece ao nosso redor. E compreender a mídia, como funciona e como pauta o Semiárido é fundamental”, aponta Álvaro Luiz, colaborador do Irpaa e um dos mediadores da formação.
Como na maioria das vezes a grande mídia traz uma visão deturpada do Semiárido e não garante espaço para as diversas vozes existentes no país, é preciso fortalecer a comunicação popular e comunitária. “Ao invés de olhar a comunicação das grandes mídias, é preciso visar e valorizar mais a nossa comunicação, uma comunicação que contribuiu para desenvolvimento da nossa comunidade”, argumenta Marcio Neves, um dos participantes da oficina de Educomunicação.
Para estimular essa comunicação que fortalece os saberes, a autoestima dos povos e evidencia a protagonismo das famílias na propagação das suas experiências e conhecimentos, a formação contou com momentos de atividades práticas de produção de vídeo, fotografia e texto para as redes sociais. Para Álvaro Luiz, o envolvimento da turma foi impressionante, com destaque para a participação dos idosos. “Ver idosos, fazendo a leitura crítica da mídia é fantástico (...) O elemento principal dessa formação foi o envolvimento”, revela Álvaro.
Essa atividade faz parte da formação modular do projeto executado pelo Irpaa, que tem por objetivo trabalhar a proposta da Convivência com o Semiárido e Adaptação às Mudanças Climáticas e conta com investimento do Governo alemão, intermediado pela Cáritas Alemã.
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